Wednesday, December 14, 2011

AURÉLIO SCHOMMER É ENTREVISTADO POR VALDECK ALMEIDA DE JESUS


Valdeck Ameida de Jesus (dir) e Aurélio Schommer
foto: Renata Rimet

Gaúcho de Caxias do Sul, Aurélio Schommer não gosta de viajar. Mora na Bahia, onde atuou pela primeira vez como jornalista em Barreiras, distante 800km da capital, Salvador, cidade na qual reside atualmente. Mas é na literatura que ele se completa, escrevendo sobre fatos reais ou ficcionais. Não gosta de poesia, para não dar “enter” a todo momento e porque não acredita em criação metrificada e rimada. O texto do Aurélio flui quando se trata de “relaciones de pareja”, ou relacionamento humano, mais precisamente conflitos amorosos e a vida pulsante, viva. O leitor, para ele, é onde o escritor se imortaliza, por isso não consegue escrever sem pensar em quem vai ler... Prefere escrever sobre sentimentos, sexo, embora tenha se dedicado pouco, por causa da onda politicamente correta. Um de seus ídolos? Nelson Rodrigues. Medo? Da velhice, para não “voltar” à infância, da qual não tem boas recordações.

VALDECK: Quando e onde nasceu?
AURÉLIO: Em Caxias do Sul-RS, em 1967.

VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
AURÉLIO: Não gosto de viajar. Conheço de vista grande parte do Brasil e com maior profundidade o interior da Bahia, o Rio de Janeiro e a região natal.

VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?
AURÉLIO: Como jornalista. Minha primeira atuação profissional foi em 1992, no semanário Novoeste, de Barreiras-BA.

VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
AURÉLIO: Faço ficção e não ficção. Ficção é mais divertido, sem dúvida, embora nem sempre seja mais fácil. Poesia não gosto de fazer. Limitar ideias por rima ou métrica ou mesmo ficar dando “enter” nas linhas o tempo todo não me faz muito sentido.
Escrevo sobre qualquer tema, tanto na ficção como na não ficção. O que mais me agrada? Relaciones de pareja, como se diz em espanhol. O jogo de afetos, com os conflitos e ilusões envolvidos, é muito instigante. O “amor”, na falta de palavra mais apropriada, é muito engraçado.

VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
AURÉLIO: Tenho o compromisso de tentar prendê-lo, agradá-lo, dizer algo que lhe desperte algum sentimento, seja qual for. Eu penso no leitor o tempo todo quando escrevo. Não escreveria se não houvesse a perspectiva de haver um leitor do outro lado da mensagem. Ser lido é tudo, é a forma de imortalidade mais interessante.

VALDECK: O que mais gosta de escrever?
AURÉLIO: Como já disse, ficção. Se tiver liberdade total (não for para público infanto-juvenil, puder ridicularizar os personagens e situações à vontade) tanto melhor. E, confessando, o erótico é fantástico em termos de satisfação. As perversões sexuais dão ótimos enredos. Não por acaso meu ídolo na literatura é Nelson Rodrigues. Se houvesse um público maior para o romance erótico, eu só faria isso. Infelizmente, estamos numa época muito pudica, politicamente correta, em que o erótico é visto como sexista. Por isso, tenho limitado o sexo em meus últimos livros ao beijo na testa.

VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
AURÉLIO: A inspiração é importante, e no meu caso surge com facilidade. Posso fazer um romance com muita inspiração, situações instigantes, em duas semanas, e fica bom. Mas o mais importante não é a inspiração. É tempo para me dedicar à escrita. É o que mais me falta. O ambiente é importante, mas não é essencial.

VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
AURÉLIO: A obra predileta é “O padre novo”, romance inédito. Tem um achado que gosto muito: “Povo é todos aqueles não listados entre os ricos, os poderosos e os esquisitos”. É impressionante como tem gente que se autoencaixa nos “esquisitos”.

VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
AURÉLIO: Dificilmente reescrevo. Reviso muito, troco palavras, evito repetições, mas não gosto de jogar páginas inteiras fora. Escrevo rápido, muito rápido.

VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
AURÉLIO: Foi o primeiro romance, “Maristela”. Demorei dois meses e meio, uma eternidade. Estava inseguro, era o primeiro, só por isso. Não por ter demorado, mas porque acabou ficando interessante mesmo, é a obra mais vendida minha até aqui.

VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
AURÉLIO: Sim. Literatura para mim não é carreira. É uma tentativa de chegar ao leitor. Como carreira, tenho o serviço público, basta.

VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
AURÉLIO: Além de Nelson Rodrigues, Machado de Assis. Ultimamente, Pedro Mexia.

VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
AURÉLIO: Você pode ser claro e ser bom, ou ser ruim. Pode ser obtuso e ser bom, ou ruim. Pode ser breve e ser bom, ou ruim. Pode fazer experimentações e ser bom, ou ruim. Não há uma receita, espero que nunca haja. Eu não gosto de usar clichês, mas há quem use e faça um enorme sucesso, até ganhe o Jabuti. Há quem construa tramas óbvias e ganhe o Nobel. E há Umberto Eco, há Machado, há Nelson. Eu gosto desses, não daqueles, mas há quem goste do contrário. Enfim, não há nada imprescindível.

VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, por não usa um pseudônimo?
AURÉLIO: Não uso o nome completo. Nem divulgo, nem quero que seja divulgado. O cidadão com o nome completo não deve se misturar a Aurélio Schommer, que não é um pseudônimo, é parte de meu nome completo, mas exerce uma função social. O do nome completo é reservado.

VALDECK: Como foi a tua infância?
AURÉLIO: Não foi muito boa. Vivi mal a infância. Não por culpa de alguém, longe disso, a família foi maravilhosa comigo. Simplesmente foi uma fase ruim da vida. O adulto saiu-se bem melhor. Temo assim pelo surgimento do velho (está próximo). Terá uma tendência a regressar à infância. Por outro lado, sinto que o melhor momento ainda está para ser vivido.

VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
AURÉLIO: Estou longe de ser jovem, em todos os sentidos. Se passei essa impressão, é falsa. Não tenho tido muito tempo para diversão. Mesmo assim, forço pausas para pequenas diversões todos os dias, ou quase todos.

VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
AURÉLIO: Texto meu? Bem, teve um que fiz para o Novoeste, em Barreiras, sobre uma rebelião estudantil na Escola Estadual Padre Vieira em novembro de 1992. Mexeu com todo o universo escolar, recebi visitas particulares da diretora, de professores, de estudantes, a cidade voltou os olhos para minha matéria.

VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritor?
AURÉLIO: Sim, sou servidor público federal.

VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
AURÉLIO: Não. Não existe algo em que eu acredite decididamente a ponto de pensar em proselitismo. Escrevo porque me dá prazer conversar com o leitor, não por uma causa. Até gostaria de ter uma causa, uma mensagem, mas toda vez que penso numa sobrevêm falácias. É difícil encontrar uma ideologia que não contenha falácias. Eu ainda não encontrei nenhuma.

VALDECK: Qual sua Religião?
AURÉLIO: Católico apostólico romano. Falho no proselitismo (não faço muito), como afirmei acima, na frequência às missas, mas não tenho outra religião e estou muito feliz com a minha. Ah, importante. Não é minha religião de infância, de berço, de adolescência. Sou um ateu convertido ao catolicismo.

VALDECK: Quais seus planos como escritor?
AURÉLIO: Escrever. Se possível, eternamente, mas isso ainda não é possível. Quem sabe não inventam a pílula da imortalidade biológica. Se isso acontecesse, poderia escrever para sempre e acho muito provável que o fizesse.

(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com

FonteS:

Monday, December 12, 2011

Fala Escritor na Biblioteca Infantil Monteiro Lobato


Por: Carlos Souza

Recital de poesias, lançamento de livros, amigo secreto literário, apresentações teatrais e musicais marcam a última edição do ano, do projeto que difunde a poesia nos Shopping de Salvador.

Para quem gosta de ler, ouvir e declamar poesias, uma boa opção é o Sarau Literário de final de ano, que o projeto Fala Escritor realizará nesta terça-feira, dia 13, a partir das 14h, na Biblioteca Infantil Monteiro Lobato, no bairro de Nazaré. A programação será em clima de confraternização, com Amigo Secreto Literário, na qual todos poderão trazer uma poesia impressa e um presente para o sorteio. Os poemas irão compor um grande Varal Poético e o brinde será ofertado ao amigo sorteado. Também haverá teatro, recital, leituras, declamações, apresentações musicais e muito mais...

Além da confraternização para marcar mais um ano de poesia, na oportunidade serão lançados os livros "30 anos de Poesia e um Pouco Mais" e “Memórias do Inferno Brasileiro”, de Valdeck Almeida de Jesus e "Interfaces de Amor e Paz", antologia organizada pela Confraria dos Poetas pela Paz – CAPPAZ.

Os livros - 30 anos de Poesia e um Pouco Mais, tem capa de Ed Ribeiro, artista plástico baiano, premiado internacionalmente. A obra literária traz como o próprio nome diz; trinta textos poéticos correspondendo aos trinta anos de escrita de Valdeck Almeida de Jesus. Os demais poemas são reflexões mais recentes. O livro foi lançado na Livraria Martins Fontes da Avenida Paulista, em São Paulo, no último dia 11 de novembro de 2011 e está disponível, agora, aos baianos.

A obra "Memórias do Inferno Brasileiro", que também vai ser lançada, é a segunda edição, ampliada e revisada de "Memorial do Inferno: a saga da família Almeida no Jardim do Éden", de 2005, cuja renda foi doada, à época, para as Obras Sociais Irmã Dulce. Com prefácio de Lázaro Ramos, o novo livro já foi traduzido para inglês e está disponível no site da Livraria Cultura. No mês de novembro o livro foi lançado no Congresso Brasileiro de Escritores, realizado pela União Brasileira de Escritores (UBE), em Ribeirão Preto, São Paulo. 

Já "Interfaces de Amor e Paz” é a segunda antologia de poetas organizada pela A Confraria dos Poetas pela Paz - CAPPAZ, da qual Valdeck Almeida de Jesus faz parte com poemas e texto da orelha. Além dele, estão no livro os poetas Cristiano Ferreira de Sousa, Deomídio Neves de Macêdo Neto, Flávio Martinez Guebara, Iraildo Dantas-Lua, Luiz Menezes de Miranda, Pinho Sannasc, Renata Rimet, Varenka de Fátima Araújo, Vera Passos e a própria Joyce Lima Krischke, organizadora do livro e presidente da Cappaz.

Poetas - Iara Castro, Deomídio Macedo, Dinalva Macedo, Rosana Paulo, Luiz Miranda de Menezes, Josué Ramiro Ramalho, Iraildo Dantas, Jorge Carrano, Sérgio Mício, Dé Barrense, Carlos Souza e Rosane Rubim são alguns dos nomes já confirmados.  Todos serão bem vindos!

SERVIÇO
O que: Fala Escritor Especial
Onde: Biblioteca Infantil Monteiro Lobato - Praça Almeida Couto, s/nº - Nazaré – Salvador - BA
Quando: 13 de dezembro de 2011 (terça-feira) - 14h
Quanto: Grátis
Informações: (71) 8831-2888 / 8805-4708 / 8122-7231. falaescritor@hotmail.com / http://falaescritor.blogspot.com

Tuesday, November 22, 2011

Congresso Brasileiro de Escritores em Ribeirão Preto-SP

Cidadão do Mundo

Valdeck Almeida de Jesus, de amarelo, participa de animado bate-papo


Relato de minha participação no Congresso Brasileiro de Escritores

 Por: Valdeck Almeida de Jesus

Hoje é dia 11.11.2011. Ainda são 02hs da madrugada e estou na Sala de Embarque do Aeroporto Internacional de Salvador. Cheguei aqui faz uma hora, mais ou menos. Ontem nem dormi antes de vir. Melhor, dei um cochilo rápido, preocupado, daqueles em que a gente fica entre desperto e sonâmbulo, um cansaço que só... Tudo em nome da poesia! Que vida a literatura e que vivam os poetas de plantão, como eu. Aliás, de plantão estou, pois não tenho alternativa. Morando sozinho, não poderia cair no sono – como eu desejava – para não correr o risco de perder-me em sonhos e lençóis e jogar fora a chance de estar no quinto Congresso da União Brasileira de Escritores – UBE, que acontece de 12 a 15 de novembro, em Ribeirão Preto-SP.

Bem, aqui estou por livre e espontânea vontade. E não seria de outra forma, já que sou uma pessoa super independente, cabeça dura e que não aceita sugestões fáceis. Estou na luta, na labuta, na corrida contra o tempo e contra os percalços que a vida insiste em colocar em meu caminho. Se ainda fosse uma pedra, como a de Drummond... Mas tudo bem. Cada um escolhe o caminho e as pedras que deseja chutar ou tomar topada. Estou no processo de escolha. A todo momento me pergunto se quero continuar, parar ou pedir ajuda. Humildade me falta, quase sempre, para assumir o cansaço dos anos. No entanto, a mesma fadiga que me desanima me impele e me incentiva.

Vamos em frente, que atrás vem gente. E se não vier ninguém atrás, vou sozinho, imaginando um inimigo inexistente. Como aquele cavaleiro que lutava contra moinhos de vento, eu vou dando golpes no destino e forçando minha passagem por este caminho torto, apertado e íngreme. Aos poucos e aos trancos e barrancos, venço cada obstáculo e persisto na caminhada incerta.

De caminhada em caminhada, cheguei ao aeroporto de Congonhas, no horário exato. 6hs da manhã e um frio de 19 graus. Paisagem com neblina e um trânsito frenético pelo qual eu teria que mergulhar, de taxi. Devido ao peso da mala, recheada de livros, roupas, fios de computador, carregador de telefone e de máquina fotográfica, não me daria sossego se tivesse que me arrastar escadas acima e ruas abaixo dentro de um ônibus lotado. O que são setenta e um reais quando se pensa em comodidade e conforto? A escolha do meio de transporte foi a mais acertada. Sentadinho, no banco de trás, calmamente, lendo revistas recentes, cheguei ao destino, a casa de meus irmãos, sem solavancos e sem carregar peso. Ufa!

Agora, depois de mostrar o notebook novo, abrir várias pastas de fotos digitais e dar os devidos abraços e tomar um cafezinho quente, começa o dia, literalmente. Mais tarde vou à Avenida Paulista lançar o livro “30 anos de poesia e mais um pouco”, na Livraria Martins Fontes, onde amigos e fãs me esperam. Espero que seja um sucesso.

Eu poderia ter ido de ônibus. Até o terminal mais próximo, pegaria uma perua ou van. Dali faria baldeações até a Avenida Nove de Julho, passando pelas Avenidas M’Boi Mirim, Guarapiranga, Santo Amaro ou Marginal Pinheiro (a depender do veículo que eu pegasse) e desceria embaixo da Avenida Paulista. Bastava subir uma rua lateral e procurar a livraria. Tinha a opção de ir de taxi ou mesclar ônibus e metrô. Minha cunhada Rejane disse que eu poderia pegar o carro dela e de meu irmão Vitório. Pensei bastante e resolvi ir dirigindo. No meio do caminho tinha um engarrafamento.

Em São Paulo engarrafamento é trânsito. Ou seja uma coisa ou seja outra, fiquei preso no meio de um mar de veículos, me arrastando pelo asfalto numa velocidade que variava entre dez e cinquenta quilômetros por hora, na Marginal Pinheiro. Desisti de seguir por ali e tomei atalhos. Após três horas de suplício cheguei à Livraria Martins Fontes, na Avenida Paulista, 509. Já me esperavam vários amigos, entre eles Ed Ribeiro e Calazans, dois artistas das letras e das tintas. Em seguida Rubens Jardim se apresentou: “É ele, é Valdeck. Seja bem vindo!”. Dali por diante o tensão do trânsito, a ansiedade e apreensão pelo sucesso ou fracasso do coquetel de lançamento do livro “3º anos de poesia e mais um pouco” foi se dissipando. Em parte por estar entre pessoas que me deixaram muito feliz pela presença e energia, em parte pelas taças de vinho que eu, sem cerimônia, degustei.

Em seguida chegaram Clarissa, Edvaldo Rosa e Maria, sua esposa (esta, natural de Águas Belas-PE), Adelisse, Abraão e Fernando, bem como tantos outros amigos queridos que foram me prestigiar nessa noite de início de feriadão de Sampa, quando mais de um milhão de pessoas saem em debandada da cidade rumo ao litoral ou a cidades vizinhas, em busca de novos ares, reencontro com família e amigos, ou simplesmente para sair da rotina. Dentre os viajantes, certamente, muitos amigos meus. Por falar em viajantes, minha querida amiga Vanilda não pôde comparecer, mas enviou um simpático e carismático amigo para representá-la: Beni, ao qual tive o prazer de conhecer.

O tempo, que ameaçava virar e transformar o feriado prolongado dos paulistas em mais uma decepção de fim de semana, finalmente cedeu aos pedidos da maioria. O que poderia ter sido uma nova frente fria com chuvas torrenciais, após um longo período de sol e calor, se transformou numa branda mudança de clima, com nuvens claras povoando o horizonte de Sampa, fazendo a temperatura cair para confortáveis dezoito a vinte graus. Na livraria, entretanto, o clima era outro. Regado a vinho, petiscos, refrigerantes e água mineral, a conversa esquentava e o calor humano fazia todo mundo se juntar bem de pertinho para declamar, ler poemas, fazer dedicatórias, contar histórias de vida, e confraternizar com poesia.

Tudo valeu a pena e me fez esquecer as duas horas que rodei do centro para a casa de meu irmão, de volta ao Jardim Ângela, Zona Sul da capital. Fotos postadas no Facebook, breves comentários sobre o evento, me restou o sono dos justos, pois ninguém é de ferro. Fiquei surpreso e gratificado, pela super gentileza de meu irmão Vitório e de minha cunhada Rejane, que me cederam o quarto e cama deles para que eu pudesse repousar com mais conforto. Esses mimos não têm preço. Nem um Credicard Internacional sem limites de compras pode pagar.

Agora em pleno voo de Guarulhos para Ribeirão Preto-SP, na aeronave Embraer 145. Nunca tinha voado num avião tão pequeno. Só tem três fileiras de cadeiras, uma do lado direito, com dois assentos e uma no lado esquerdo, com um assento. Voo tranquilo, sem sobressaltos. Agora já estou aliviado do estresse da maratona da madrugada, que fizemos do Parque Novo Santo Amaro, imediações do Jardim Ângela, a bordo do Meriva de meu irmão, rumo ao aeroporto de Guarulhos. Não sei se por causa do sono, preocupação para me servir bem, falta de experiência no traçado da cidade, o certo é que fizemos uma verdadeira viagem no rumo contrário ao do aeroporto. Pegamos e pagamos dois pedágios e, cientes de estar no caminho errado, retornamos a São Paulo, para tentar pegar a Marginal Tietê, em seguida a Via Dutra e, finalmente, chegar ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. Cheguei a tempo de correr ao balcão de check-in e disparar em direção ao portão de embarque.

Após o embarque e poucos minutos de voo, o comandante já anunciou o pouso em Ribeirão Preto, onde a temperatura é de 22 graus. Pela janela, nuvens que se dissipam à medida que o avião desce. Ribeirão era uma cidade desconhecida para mim, até então. Dado ao grande número de atividades durante o Congresso Brasileiro de Escritores, não consegui sair do trajeto hotel-congresso e vice-versa. Continuo sem conhecer Ribeirão Preto, mas feliz com a minha participação no evento, de onde saí pleno de conhecimento, cheio de planos e contente com os contatos e intercâmbios que realizei.

Congresso
12 de novembro de 2011 - Após chegada ao hotel me encontrei dom Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho, meu amigo Dominguinhos, com quem eu já tinha acertado a viagem e o local de hospedagem. Corremos direto ao local onde acontecia o congresso e encontramos, de cara, com Jacqueline Aisenman, amiga e colega, criadora da revista eletrônica Varal do Brasil, da qual sou colaborador e divulgador, bem como do Varal Antológico, antologia impressa que reúne textos de autores do Brasil e do mundo. A partir daí grudamos um no outro e fizemos um trio com Dominguinhos. Devido a escolhas diferentes, nem sempre permanecemos em trio, mas eu e Jacqueline participamos de eventos em dupla, sempre, até o dia 13, quando ela viajou para São Paulo, a fim de participar do lançamento de um livro que a Rede de Escritoras Brasileiras - REBRA organizou.

Assisti à cerimônia de abertura, com apresentação da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. Em seguida foi iniciada a Mesa Redonda “Em defesa das biografias”, com Alaor Barbosa, escritor, Newton Lima, Deputado Federal e Fernando Moraes, escritor, mediada por Audálio Dantas, vice-presidente da UBE. Depois eu vi “A questão do direito autoral”, com Luís Mir, historiador e escritor, Sérgio Molina, tradutor e Cláudio Willer, escritor. A mediação foi feita por Paulo Oliver, advogado e conselheiro da UBE. Às 17 hora fui ao debate “O escritor e o estado: as políticas para a literatura. Participantes: Fabiano Piúba, diretor da Diretoria do Livro e Leitura do MINC, Sônia Jardim, presidente do Sindicato Nacional dos Editores de Livros. Presidência: Cláudio Willer, diretor da UBE.

13.07.2011 - Participei da oficina literária “Composição conto”, com Menalton Braff, diretor de Integração Nacional da UBE. Assisti à palestra “Projeto Memória da UBE”, com Dirce Lorimier, escritora e diretora da UBE, e Paulo de Assunção, escritor e historiador. Assisti à Mesa Redonda “Governo e Autor – fomento ou privilégio?”, com José Domingos de Brito, escritor e Célio Turino, diretor da UBE, mediada por Renata Pallottini, vice-presidente da UBE. À noite, participei do lançamento coletivo de livros.

14.11.2011 - Apresentei a Comunicação “A morte e a vida de um poeta”, com leitura de poema de minha autoria em homenagem a Damário Dacruz, bem como leitura de poema e breve currículo literário de Damário, escritor soteropolitano nascido em 27.07.1953, radicado em Cachoeira‑BA e falecido em 21.05.2010.


Eu discorri um pouco sobre a biografia de Damário, baseado em texto encontrado na internet:

Damário da Cruz é um poeta, fotógrafo e fotojornalista. É autor do poema Todo Risco e um dos nomes representativos da geração de poetas da Bahia dos anos 70 e 80. Nascido em Salvador, é cidadão da cidade de Cachoeira, no recôncavo baiano. Faleceu no dia 21 de maio do ano de 2010, vítima de câncer de pulmão.

"As palavras, estas que sempre lhe acompanharam em vida, serviriam, mais uma vez, a expressar aquilo que o seu coração ansiava em dizer: adeus." (UFRB)

Publicou três livros de poesia, dentre eles O Segredo das Pipas (2003), e cerca de 30 posters-poemas com mais de 100.000 exemplares vendidos.

(Wikipedia)
 

Falei sobre os três livros publicados por ele: “O segredo das pipas”, “Re(SUMO)” e “Todo risco”, inclusive recitei o poema que dá nome a este último livro citado:
 

“Todo risco



A possibilidade

de arriscar

é que nos faz homens.



Voo perfeito

no espaço que criamos.



Ninguém decide

sobre os passos

que evitamos.



Certeza

de que não somos pássaros

e que voamos.



Tristeza

de que não vamos

por medo dos caminhos”



Falei que Damário nasceu em Salvador, mas que viveu e que recebeu título de Cidadão Cachoeirano, por sua atuação na vida artística e cultural de Cachoeira-BA. Falei sobre a participação dele no “Caruru dos Sete Poetas”, evento que acontece na cidade desde 2004, tendo como organizadores Luísa Mahin e João Moraes. Falei da Casa Pouso da Palavra, ong onde estão expostos os trabalhos literários e fotográficos do poeta. Recitei, também, este poema dele, o qual parecia estar pressentindo o fim próximo:



“Gran Finale:



“Avise aos amigos/ que preparo o último verso / A vida / dura menos que um poema / e no alvorecer mais próximo / saio de cena.”



Ao ler este texto eu me emocionei e senti a presença viva do poeta. As pessoas da plateia sentiram minha emoção e ficaram em silêncio. Quando foi aberta a palavra, apenas uma senhora resolveu falar e disse “as pessoas estão no lugar certo na hora certa”. Entendi esta frase como algo que fez despertar nela uma lembrança de alguém querido que se foi. Não comentei o que ela disse, respeitando o sentimento que lhe moveu até ali.

Falei que não conheci Damário em vida, mas que sempre ouvia falar sobre ele e que, infelizmente, só pude homenageá-lo na ocasião de sua morte, no dia seguinte, dia 22 de maio de 2010, quando eu me encontrava em São Paulo:



A morte e a vida de um poeta


Um poeta morre todo dia,

E não apenas no dia da sua morte.

Sorte, má-sorte, é para quem vive

A ilusão da vida eterna

Eternamente no corpo.



Para o poeta, o que importa,

De verdade, é o passado, o futuro,

Algo que não se toca, na se pega.



O poeta vive o invisível, o não vivido.

O dia a dia do poeta é sofrido,

Não medido, não visto, não visitado.



A morte, com sorte, é apenas uma passagem

A uma nova vida, sonhada, não vivida

Sofrida, impossível, etérea.



Vai poeta, abraça teu futuro e teu passado

Voa, poeta. O infinito te espera,

Colossal, improvável, invisível...



Vai poeta, recita, declama,

Faz parte do universo,

Faz da vida um verso...



Valdeck Almeida de Jesus

Para Damário da Cruz

22 de maio de 2010, São Paulo-SP - Jardim Ângela




Assisti à Conferência “A experiência de regionalização da UBE”, com representantes das Seccionais e Núcleos da União Brasileira de Escritores, sob a coordenação de Menalton Braff, diretor de Integração Nacional da UBE. Eu substituí ao jornalista e escritor Carlos Souza, coordenador do Núcleo Baiano, ausente por ter sido convidado para representar a UBE na FLIPORTO. Na oportunidade eu apresentei o relatório de atividades do núcleo UBE-BA abaixo descrito e solicitei uma salva de palmas aos Núcleos de Ribeirão Preto-SP, na pessoa de Eliane Ratier e de Araçatuba-SP, na pessoa de Antonio Lucenni, pelo excelente trabalho realizado em apenas um ano de criação dos núcleos.

Pelas falas de Menalton Braff, Joaquim Botelho e outros membros da UBE, a entidade nunca foi nem pretende ser centralizadora, dona da verdade. Consolidou-se em São Paulo pela grande quantidade de filiados nessa cidade e pela participação deles. A liderança veio naturalmente, mas a ideia é que cada unidade tenha CNPJ, site e vida autônoma, sem, contudo, deixar de se interligar a todas as UBE’s e interagir, não deixando nenhum Núcleo ou Secional isolado, muito menos a de Sampa. O objetivo principal é organizar os escritores em classe para fortalecer a luta.

Ficou acertada a realização de congressos a cada dois anos, promessa de Salvador sediar o encontro de 2013, no primeiro semestre, como preparativo para a Feira do Livro de Frankfurt, será no segundo semestre daquele ano.


Resumo do que apresentei no Congresso:



UNIÃO BRASILEIRA DE ESCRITORES (UBE)

NÚCLEO BAHIA



1.   Anunciado em setembro de 2010, durante I Encontro de Escritores Baianos Independentes, realizado pela Fundação e selo editorial Òmnira.

2.   Fevereiro de 2011 - Primeira reunião aberta ao público: Para falar dos objetivos do núcleo. Na ocasião recebe apoio da Fundação Pedro Calmon (Ubiratan Castro de Araújo); da Academia de Letras da Bahia (Aramis Ribeiro Costa) e do Fórum das Academias de Letras do Estado da Bahia (Araken Vaz Galvão)

3.   Abril de 2011 – Segunda reunião aberta ao público: Atualiza os temas abordados na 1ª reunião.

4.    

PAPO DE ESCRITOR

5.   Junho 2011 - 1ª Edição do projeto Papo de Escritor, com Miriam de Sales Oliveira e Roberto Leal. (os escritores são entrevistados por um mediador e pelo público).

O objetivo é colocar estes autores convidados, no centro das atenções (visibilidade).

SEMINÁRIO LITERATURA BAIANA: RUMOS E PERSPECTIVAS

6.   Julho de 2011 – 1° Seminário para apresentar o núcleo da UBE aos escritores baianos.  Palestrantes: Joaquim Maria Botelho, (Falando do V Congresso Brasileiro de Escritores); Ruy Espinheira Filho, membro da Academia de Letras da Bahia; Ubiratan Castro de Araújo, diretor da Fundação Pedro Calmon; Aramis Ribeiro Costa, presidente da Academia de Letras da Bahia; Germano Machado, fundador e diretor do CEPA (Círculo de Estudo, Pensamento e Ação); Adelice Souza (curadora do livro encenado da 10ª Bienal do Livro da Bahia ) escritora que integra a coletânea + 30 Mulheres que Estão Fazendo a Nova Literatura Brasileira  (Editora Record); Araken Vaz Galvão, presidente do Fórum das Academias de Letras do Estado da Bahia; Valéria Pergentino, da Solisluna  Editora; Roberto Leal, da Fundação e Selo Editorial Òmnira, e Aurélio Schommer (curador da Flica) e ex-presidente da  Câmara Bahiana do Livro.

Resultado: Cerca de 150 pessoas estiveram presentes, e cobertura do jornal A Tarde, com matéria de meia página.

PAPO DE ESCRITOR

7.   Agosto 2011 - 2ª Edição do projeto Papo de Escritor, com Cristina Ramos, autora do livro “Padre Sadoc: sacerdote, amigo, irmão” e Morgana Gazel, autora do romance “Enseada do Segredo“.

8.   Outubro 2011 - 3ª Edição do projeto Papo de Escritor, com Alberto Peixoto (Literatura nordestina) e Nádia São Paulo (Policial).

9.    Dezembro de 2011 4ª edição do projeto papo de Escritor, Com Pinho Sannasc e Emérita Andrade.



Depois da criação do núcleo, 12 pessoas escritores se associaram a UBE.

PROJETOS FUTUROS



1.    O Papo de Escritor acontecerá a cada dois meses. Dois anos depois será publicado um livro com as entrevistas dos escritores participantes do projeto

2.   Março de 2012. Segundo Seminário, que terá como tema Imprensa e Literatura – discutindo a relação. Onde serão convidados os principais veículos de comunicação – jornal, rádio e televisão, para dizer como os mesmos cobrem à literatura local.

3.   Criação de um site oficial da UBE Bahia, com o objetivo de torná-lo no principal espaço virtual dos escritores da Bahia.

4.   Parceria com universidades para realização de cursos de pós-graduação em Estudos linguísticos e literários e cursos de extensão em criação literária, em diversos gêneros.



14.11.2011 - Às 16 horas participei da Palestra “Ler o mundo: um desafio”, com Affonso Romano de Sant’Ana, oportunidade em que fiz uso da palavra para relatar minha vida de leitor, escritor e incentivador cultural. A partir deste evento fiz mais contatos com pessoas presentes ao congresso.

Após este evento, fiz confusão com o horário e perdi o “Sarau Poema & Crônica”.



15.11.2011 - Fala de Joaquim Botelho – coisas e anúncio do próximo congresso em Salvador. Assisti à Exposição-síntese crítica do Congresso Brasileiro de Escritores 2011, feita por Fábio Lucas, crítico literário, membro da Academia Paulista de Letras e conselheiro da UBE. Em seguida, participei da cerimônia de entrega do Troféu Juca Pato ao geógrafo e professor Aziz Ab’Sáber.

Fala Escritor. Aqui você acontece!!

Era início de noite: passavam alguns minutos das dezoitos horas, quando tudo começou. Os anões haviam se recolhido, mas Branca de Neve não se fez de rogada. Nem a bruxa malvada foi capaz de impedi-la: seu objetivo havia de ser alcançado...

Metáforas a parte Gal Meirelles apresentou o livro, conversou com o público a respeito do processo de edição e ainda leu sete contos, para alegria de todos...

FERIDA... Lidiane Nunes

Como uma borboleta que acaba de sair do casulo, descobre que pode voar e tem as asas arrancadas por um menino cruel que sente prazer em brincar de Deus. Assim eu me sinto.
Tardes com anões - Editora Vento Leste.

Tratava-se da 30ª edição do Fala Escritor, havia a pretensão de realizar uma programação especial e assim foi feito. Juntamente com a Banda Irritmia Gibran Sousa impressionou o público, mais uma vez, com suas composições poéticas, acompanhadas a efeitos de guitarra e percussão, num estilo próprio e único.
Emocionado e emocionante, seria esta a melhor descrição para o momento do artista, que sobe ao palco e recebe todo o carinho do público, que aplaude, sorri e question... Qual o nome dela?
O performatico Gibran Sousa é um show a parte, uma surpresa em cada verso, o côncavo e o convexo.
O Público chegou cedo para prestigiar o evento e, quem foi pela primeira vez, se surpreendeu ao saber que se tratava da trigésima edição e, também, com a qualidade das apresentações. O destaque foi para Rosana Paulo no quadro "Quem é o Escritor?" e André Costa que, pela primeira vez, colocara para fora a poesia que estava presa dentro de si, gritando por liberdade. E ele o fez de forma magnífica, com muita emoção, chegando a alterar as veias da garganta.
Novidades

Um momento interessante para os escritores baianos foi a divulgação do projeto TV Fala Escritor, apresentado pelo escritor e publicitário Jorge Carrano, juntamente com os jornalistas e organizadores do Fala Escritor Cymar Gaivota e Carlos Souza. O Projeto TV Fala Escritor irá funcionar em paralelo ao Projeto Fala Escritor e consiste em entrevista aos novos autores baianos e também a autores consagrados da nossa literatura.

Agradecimentos...

O idealizador do evento apresentou a equipe organizadora e, juntos, falaram da experiência em administrar o Fala Escritor. Além disso, agradeceram o reconhecimento da crítica, o apoio dos principais jornais e rádios da Bahia e de outros estados, da Fundação Pedro Calmon e de algumas faculdades. Eles falaram, ainda, da importância da Livraria Saraiva, que abriu as portas para os escritores baianos. Apresentaram, também, alguns dos resultados alcançados pela união dos escritores que participam do projeto, entre eles: Fala Escritor na Bienal do Livro 2011 e no Fórum Social Mundial Temática Bahia 2010. Como não poderia deixar de ser, a equipe agradeceu ao público, que sempre colabora e faz o projeto verdadeiramente acontecer.


Bárbara Maria estreou no projeto a convite de Dé Barrense, e promete voltar...
Mateus Galiza apresentou-se, sim: Michael Jackson também
acontece no Fala Escritor...

Luiz Menezes de Miranda, José Abade, Josué Ramiro Ramalho, Carla Elisio, Moreira Barreto e muitos outros participaram do recital...







Carlos Souza e Renata Rimet comandaram a programação... e as imagens ficaram sob a responsabilidade de Cymar Gaivota...

Valdeck Almeida de Jesus estava no Congresso Brasileiro de Escritores, promovido pela União Brasileira de Escritores - UBE. Através do Facebook o poeta acompanhou toda a programação do Fala Escritor, comentando e clicando nas fotos e textos apresentados durante o evento.

Boletim Extra do Fala Escritor na Bienal do Livro da Bahia. Clique aqui.